Então o Senhor lhes disse: “Vocês, fariseus, limpam o exterior do copo e do prato, mas interiormente estão cheios de ganância e de maldade” – Lucas 11:39.
A prisão de Radovan Karadzic foi destacada pela imprensa mundial, não apenas pelo aspecto legal e humanitário, mas também, pelo seu lado pitoresco.
Conhecido como o Carniceiro da Bósnia, procurado por crimes de guerra há treze anos, o chefe da rebelião sérvia contra a independência da Bósnia e responsável por um do piores episódios de limpeza étnica desde o genocídio nazista, ao custo da morte de 12000 pessoas, foi preso pela polícia sérvia, disfarçado de guru esotérico.
Com uma enorme barba branca e o cabelo preso no alto com um coque, que segundo ele próprio, servia para atrair as energias vitais do ambiente, ele forjou uma nova personalidade que pretendia ser a personificação da bondade e da personificação da bondade e da religiosidade, misturando meditação e medicina quântica com misticismo cristão ortodoxo. Em sua página na Internet, vendia amuletos da sorte e colares contra radiações negativas.
Descoberto o disfarce, foi entregue ao Tribunal Criminal Internacional, em Haia, na Holanda, para ser julgado por seus crimes.
A religião ritualista e fundamentalista, reavivada nas últimas décadas, tem se destacado pela impiedade e pela “guerra santa” contra tudo e contra todos; sejam religiões diferentes, sejam vertentes da própria religião do fiel. O importante é que seus preceitos sejam mantidos, não importa o custo.
A religião mística e esotérica, por outro lado, tudo aceita, tudo abraça, a tudo atribui poderes mágicos: o “coque-antena” preso no alto da cabeça é capaz de captar as energias positivas do ambiente, pouco importando se o seu receptor carrega nas costas a responsabilidade pela execução de 8000 homens e meninos muçulmanos em 1995, a título de limpeza étnica.
Jesus, durante o seu ministério terreno, deixou claro aos de sua época que a religião baseada em crendices e rituais se constituía num péssimo disfarce, por não conseguir esconder com sucesso o que estava dentro do indivíduo. A exemplo do ex-líder sérvio, podemos enganar as pessoas durante algum tempo, mas falhamos em enganar justamente as duas pontas que justificam o exercício da espiritualidade: nós mesmos e Deus.
A verdadeira espiritualidade, descrita em Lucas 6, caracteriza-se pelo amor, humildade, pureza, misericórdia e justiça. O que vai além disso é disfarce.
Jesus mostrou claramente a diferença em Lucas 18, na parábola do fariseu e do publicano: o primeiro tentou, com suas atividades religiosas, encobrir sua verdadeira condição espiritual; o segundo, não tentou disfarçar nada: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador”.
Oswaldo Chirov
chirov@igrejadafamilia.org.br
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